por Simone Costa
Qualquer perda envolve o luto e seu tempo subjetivo para elaborá-lo. É assim que segue o enfrentamento desta doença degenerativa da retina, chamada Síndrome de Usher. Infelizmente, são milhares os portadores de surdocegueira que é uma doença que degenera lentamente, ou em outros casos rapidamente, a visão e a audição, levando a perda total de ambos. Muitos portadores possuem a visão subnormal, juntamente com a audição reduzida ou vice-versa. Existem também os casos dos que perderam 100% desses sentidos. São dois limites que tentam bloquear a independência, porém a reabilitação existe para trazer à tona a aceitação dessas perdas e a possibilidade da construção de um novo mundo: interior e exterior.
A construção através dos sentidos
É importante que o surdocego passe a tatear e explorar o mundo para obter um novo conhecimento de uma forma mais adaptada aos seus limites.
Através do tato é possível formular as suas próprias imagens e o sentir dará significado para as suas percepções. As mãos serão ferramentas de comunicação com o mundo externo para construir o interno.
Atualmente, é natural para os portadores que aceitam a doença, começar a aumentar o seu ciclo social no convívio com outros portadores de surdocegueira. É uma forma de sentirem-se acolhidos e perceberem que não estão sozinhos no enfretamento e na luta para a adaptação. Através desta convivência com portadores e com seus familiares, passam a reconhecer as pessoas pelo cheiro, e tato. Essas personalidades começam a ser transformadas em imagens através desses sentidos. É a partir desse momento que se inicia a construção do seu mundo interno. Esse mesmo processo também é utilizado na exploração de lugares e objetos.
É necessário enfrentar o limite presente para assim poder seguir em frente na sua evolução de vida. A superação não significa que esse limite foi bem resolvido dentro da pessoa, é preciso enfrentá-lo para resolvê-lo, sem deixar resquícios ou miasmas. Quando não ocorre o enfrentamento, isso pode voltar futuramente para ter que encará-lo e colocá-lo no passado. Esse processo pode vir seguido de raiva, mas através disso, a coragem se aproxima para o movimento da mudança. No momento de fúria sentimos uma força intensa dentro de nós e a primeira atitude é seguir o impulso negativo, ou seja, a raiva não trabalhada. Quando este sentimento forte é impulsionado para o bem, pode-se usar esta força para tomarmos atitudes positivas, mas para isso é necessário não agir por impulso, senão o discernimento não chega para colocar a pessoa no centro de si. A raiva discernida e trabalhada para o caminho do progresso abrirá as portas para o perdão. Perdoando você se liberta das amarras desse ódio e da injustiça, eleva-se o espírito, doa-se o que há de melhor dentro de si mesmo e passa a ter esperança, compreensão e amor.
A injustiça remete a pessoa a tarefa de julgar e com isso não liberta a raiva que está manipulando a impulsividade do indivíduo.
“O enfrentamento de um limite é aprender a perdoar e se doar para a liberdade da independência.”
Claudia Sofia é surdacega há 20 anos e Carlos Jorge há 16 anos. São casados e apesar das limitações, conquistaram a independência através da aceitação. Suas formas de comunicações são diferentes. Claudia Sofia usa o método Tadoma, que é usado para a leitura labial ajudando na comunicação. Ela coloca seu polegar na boca do falante e os seus dedos ao longo da mandíbula. Conforme o movimento labial e a vibração da voz ela consegue entender sem precisar que o ouvinte fale alto. A comunicação do Carlos Jorge é através da Libras Tátil sobre as mãos.
Ambos necessitam de um guia intérprete que são seus olhos e os ouvidos. Assim, transmitem todas as informações que acontecem ao redor dos portadores.
Carlos Jorge é assistente de comunicação de Curso de Mergulho Adaptado e prática esportes radicais.
Depoimento
“Desde o momento que apareceu a surdocegueira na minha vida, tive apoio da minha família e por este motivo não ocorreu uma revolta futura. Consegui realizar meu sonho de pular de para quedas em 2005. Hoje me sinto muito feliz com o meu marido e também com muitos amigos que conquistei após as perdas. Não sinto vontade de voltar a enxergar, sou feliz assim. Se um dia eu voltasse a enxergar poderia ter perdido as oportunidades que tive durante todos esses anos. Espero junto com o Carlos conquistar o resto de nossos sonhos porque para nós a vida sempre continua” (C. Sofia)
Claudia Sofia e Carlos Jorge são proprietários da ABRASC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SURDOCEGOS ambos prestam apoio e assistência aos portadores desta síndrome, ensinando-os a conquistarem a independência que ambos conseguiram.
Qualquer perda envolve o luto e seu tempo subjetivo para elaborá-lo. É assim que segue o enfrentamento desta doença degenerativa da retina, chamada Síndrome de Usher. Infelizmente, são milhares os portadores de surdocegueira que é uma doença que degenera lentamente, ou em outros casos rapidamente, a visão e a audição, levando a perda total de ambos. Muitos portadores possuem a visão subnormal, juntamente com a audição reduzida ou vice-versa. Existem também os casos dos que perderam 100% desses sentidos. São dois limites que tentam bloquear a independência, porém a reabilitação existe para trazer à tona a aceitação dessas perdas e a possibilidade da construção de um novo mundo: interior e exterior.
A construção através dos sentidos
É importante que o surdocego passe a tatear e explorar o mundo para obter um novo conhecimento de uma forma mais adaptada aos seus limites.
Através do tato é possível formular as suas próprias imagens e o sentir dará significado para as suas percepções. As mãos serão ferramentas de comunicação com o mundo externo para construir o interno.
Atualmente, é natural para os portadores que aceitam a doença, começar a aumentar o seu ciclo social no convívio com outros portadores de surdocegueira. É uma forma de sentirem-se acolhidos e perceberem que não estão sozinhos no enfretamento e na luta para a adaptação. Através desta convivência com portadores e com seus familiares, passam a reconhecer as pessoas pelo cheiro, e tato. Essas personalidades começam a ser transformadas em imagens através desses sentidos. É a partir desse momento que se inicia a construção do seu mundo interno. Esse mesmo processo também é utilizado na exploração de lugares e objetos.
É necessário enfrentar o limite presente para assim poder seguir em frente na sua evolução de vida. A superação não significa que esse limite foi bem resolvido dentro da pessoa, é preciso enfrentá-lo para resolvê-lo, sem deixar resquícios ou miasmas. Quando não ocorre o enfrentamento, isso pode voltar futuramente para ter que encará-lo e colocá-lo no passado. Esse processo pode vir seguido de raiva, mas através disso, a coragem se aproxima para o movimento da mudança. No momento de fúria sentimos uma força intensa dentro de nós e a primeira atitude é seguir o impulso negativo, ou seja, a raiva não trabalhada. Quando este sentimento forte é impulsionado para o bem, pode-se usar esta força para tomarmos atitudes positivas, mas para isso é necessário não agir por impulso, senão o discernimento não chega para colocar a pessoa no centro de si. A raiva discernida e trabalhada para o caminho do progresso abrirá as portas para o perdão. Perdoando você se liberta das amarras desse ódio e da injustiça, eleva-se o espírito, doa-se o que há de melhor dentro de si mesmo e passa a ter esperança, compreensão e amor.
A injustiça remete a pessoa a tarefa de julgar e com isso não liberta a raiva que está manipulando a impulsividade do indivíduo.
“O enfrentamento de um limite é aprender a perdoar e se doar para a liberdade da independência.”
Claudia Sofia é surdacega há 20 anos e Carlos Jorge há 16 anos. São casados e apesar das limitações, conquistaram a independência através da aceitação. Suas formas de comunicações são diferentes. Claudia Sofia usa o método Tadoma, que é usado para a leitura labial ajudando na comunicação. Ela coloca seu polegar na boca do falante e os seus dedos ao longo da mandíbula. Conforme o movimento labial e a vibração da voz ela consegue entender sem precisar que o ouvinte fale alto. A comunicação do Carlos Jorge é através da Libras Tátil sobre as mãos.
Ambos necessitam de um guia intérprete que são seus olhos e os ouvidos. Assim, transmitem todas as informações que acontecem ao redor dos portadores.
Carlos Jorge é assistente de comunicação de Curso de Mergulho Adaptado e prática esportes radicais.
Depoimento
“Desde o momento que apareceu a surdocegueira na minha vida, tive apoio da minha família e por este motivo não ocorreu uma revolta futura. Consegui realizar meu sonho de pular de para quedas em 2005. Hoje me sinto muito feliz com o meu marido e também com muitos amigos que conquistei após as perdas. Não sinto vontade de voltar a enxergar, sou feliz assim. Se um dia eu voltasse a enxergar poderia ter perdido as oportunidades que tive durante todos esses anos. Espero junto com o Carlos conquistar o resto de nossos sonhos porque para nós a vida sempre continua” (C. Sofia)
Claudia Sofia e Carlos Jorge são proprietários da ABRASC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SURDOCEGOS ambos prestam apoio e assistência aos portadores desta síndrome, ensinando-os a conquistarem a independência que ambos conseguiram.
Comunicação Libras Tátil
Comunicação através do Tadoma
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