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terça-feira, 17 de novembro de 2009

A construção do mundo interior através da Surdocegueira



por Simone Costa

Qualquer perda envolve o luto e seu tempo subjetivo para elaborá-lo. É assim que segue o enfrentamento desta doença degenerativa da retina, chamada Síndrome de Usher. Infelizmente, são milhares os portadores de surdocegueira que é uma doença que degenera lentamente, ou em outros casos rapidamente, a visão e a audição, levando a perda total de ambos. Muitos portadores possuem a visão subnormal, juntamente com a audição reduzida ou vice-versa. Existem também os casos dos que perderam 100% desses sentidos. São dois limites que tentam bloquear a independência, porém a reabilitação existe para trazer à tona a aceitação dessas perdas e a possibilidade da construção de um novo mundo: interior e exterior.

A construção através dos sentidos

É importante que o surdocego passe a tatear e explorar o mundo para obter um novo conhecimento de uma forma mais adaptada aos seus limites.
Através do tato é possível formular as suas próprias imagens e o sentir dará significado para as suas percepções. As mãos serão ferramentas de comunicação com o mundo externo para construir o interno.
Atualmente, é natural para os portadores que aceitam a doença, começar a aumentar o seu ciclo social no convívio com outros portadores de surdocegueira. É uma forma de sentirem-se acolhidos e perceberem que não estão sozinhos no enfretamento e na luta para a adaptação. Através desta convivência com portadores e com seus familiares, passam a reconhecer as pessoas pelo cheiro, e tato. Essas personalidades começam a ser transformadas em imagens através desses sentidos. É a partir desse momento que se inicia a construção do seu mundo interno. Esse mesmo processo também é utilizado na exploração de lugares e objetos.
É necessário enfrentar o limite presente para assim poder seguir em frente na sua evolução de vida. A superação não significa que esse limite foi bem resolvido dentro da pessoa, é preciso enfrentá-lo para resolvê-lo, sem deixar resquícios ou miasmas. Quando não ocorre o enfrentamento, isso pode voltar futuramente para ter que encará-lo e colocá-lo no passado. Esse processo pode vir seguido de raiva, mas através disso, a coragem se aproxima para o movimento da mudança. No momento de fúria sentimos uma força intensa dentro de nós e a primeira atitude é seguir o impulso negativo, ou seja, a raiva não trabalhada. Quando este sentimento forte é impulsionado para o bem, pode-se usar esta força para tomarmos atitudes positivas, mas para isso é necessário não agir por impulso, senão o discernimento não chega para colocar a pessoa no centro de si. A raiva discernida e trabalhada para o caminho do progresso abrirá as portas para o perdão. Perdoando você se liberta das amarras desse ódio e da injustiça, eleva-se o espírito, doa-se o que há de melhor dentro de si mesmo e passa a ter esperança, compreensão e amor.
A injustiça remete a pessoa a tarefa de julgar e com isso não liberta a raiva que está manipulando a impulsividade do indivíduo.

“O enfrentamento de um limite é aprender a perdoar e se doar para a liberdade da independência.”


Claudia Sofia é surdacega há 20 anos e Carlos Jorge há 16 anos. São casados e apesar das limitações, conquistaram a independência através da aceitação. Suas formas de comunicações são diferentes. Claudia Sofia usa o método Tadoma, que é usado para a leitura labial ajudando na comunicação. Ela coloca seu polegar na boca do falante e os seus dedos ao longo da mandíbula. Conforme o movimento labial e a vibração da voz ela consegue entender sem precisar que o ouvinte fale alto. A comunicação do Carlos Jorge é através da Libras Tátil sobre as mãos.
Ambos necessitam de um guia intérprete que são seus olhos e os ouvidos. Assim, transmitem todas as informações que acontecem ao redor dos portadores.
Carlos Jorge é assistente de comunicação de Curso de Mergulho Adaptado e prática esportes radicais.

Depoimento

“Desde o momento que apareceu a surdocegueira na minha vida, tive apoio da minha família e por este motivo não ocorreu uma revolta futura. Consegui realizar meu sonho de pular de para quedas em 2005. Hoje me sinto muito feliz com o meu marido e também com muitos amigos que conquistei após as perdas. Não sinto vontade de voltar a enxergar, sou feliz assim. Se um dia eu voltasse a enxergar poderia ter perdido as oportunidades que tive durante todos esses anos. Espero junto com o Carlos conquistar o resto de nossos sonhos porque para nós a vida sempre continua” (C. Sofia)

Claudia Sofia e Carlos Jorge são proprietários da ABRASC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SURDOCEGOS ambos prestam apoio e assistência aos portadores desta síndrome, ensinando-os a conquistarem a independência que ambos conseguiram.

Comunicação Libras Tátil

Comunicação através do Tadoma

terça-feira, 20 de outubro de 2009

DTM – Disfunção da ATM (Articulação Temporo Mandibular)



por Simone Costa


A Disfunção da ATM é um desconforto maxilar, ou seja, uma dor que envolve músculos da face e dentes na sua forma de morder, podendo ocasionar cansaço, stress, dificuldades na coluna, surdez temporária, zumbido nos ouvidos e insônia, levando a um incômodo emocional.

O mecanismo Psíquico

Podemos observar que tal disfunção está ligada a dificuldade em digerir problemas na vida. Esta má digestão, somatiza problemas físicos conforme informados no primeiro parágrafo. Os desconfortos físicos são as dores sombrias, ou seja, negativas que não deixam o indivíduo refletir sobre a atração deste ciclo e por isso gera o desconforto emocional. O cansaço é físico e mental; o stress é a falta de percepção do problema presente; a coluna ataca a mobilidade de atitude para a mudança; a surdez temporária é a resistência em ouvir a si próprio; o zumbido é a voz interior distorcida atrapalhando a reflexão para o discernimento; a insônia reflete no peso disso tudo e por fim o emocional torna-se sombrio e manipula o indivíduo para não conseguir solucionar o foco do conflito.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CICLO VICIOSO



por Simone Costa

Nos dias de hoje existem pessoas que repetem histórias, fazem os mesmos dramas, atraem as mesmas situações e tipos de personalidades para suas vidas. Com o decorrer do tempo este ciclo acaba tornando-se vicioso. Se perdem em si mesmo e nas loucuras que se colocam e se propõe a viver. É muito mais cômodo ficar estacionado e colocar-se em posição de vítima do que criar o seu próprio ciclo de harmonia, progresso e paz na consciência. Alguns resistem e dizem que é difícil se libertar dele, mas no fundo isso é o medo do novo e da responsabilidade que a maturidade traz.
Algumas dessas pessoas não conseguem refletir e outras não possuem nem forças para que essa reflexão venha a tona na sua percepção. Para que mudar se a mesma pode continuar assim? Pois sabe que tem pessoas que “cuidam dela”.
Infelizmente existem sim pessoas que entram nesse ciclo para serem usadas como muletas. Mas a culpa não é da pessoa que se deixou levar por essa situação e sim da que se permitiu entrar nessa história, ou seja, neste ciclo negativo. Geralmente essas pessoas que se permitem a isso já usaram em algum momento o outro como muleta, e se esta situação esta acontecendo novamente é porque não trabalhou essa questão da maneira correta e não a colocou no seu passado. Por isso ela puxa essa energia e o outro faz o mesmo com ela.
A origem deste ciclo
É importante entender, de onde surge esse ciclo e o porque caímos dentro dele com facilidade em um piscar de olhos. Os pais tem responsabilidade por essa questão. Eles criam objetivos de vidas e tentam alcançá-los, mas no decorrer do tempo nem sempre é possível. Mães que sonharam em seguir com uma profissão que se identificavam, pai que tentou ser eles mesmo e por alguma razão se moldou a família. São pequenas coisas que carregam consigo e quando casam, projetam diretamente no filho idealizado. A criança mesmo antes de nascer já sente a pressão. O tempo todo os pais comentam: "Meu filho(a) vai ser médico"; "vai torcer para o meu time"; "não vai namorar tão cedo"; "não vai ficar até tarde fora de casa" e assim vai. Ao nascer o bebê sofre um choque, ele sai do aconchego do útero e respira um mundo desconhecido que para ele é assustador. Ele sofre as primeiras invasões dos médicos e enfermeiras desentupindo o seu nariz, cortando o vínculo interno (cordão umbilical) e após isso consegue se acalmar um pouco nos braços de sua mãe. Nos primeiros meses de vida o bebê não sabe que tem uma mãe, apenas sente um novo aconchego. O mesmo passa por um processo de onipotência. Significa que tudo que a mãe lhe dá ele acha que aquilo é fruto de sua imaginação. Por exemplo: o bebê sente fome e chora imediatadamente a mãe já sabe discriminar o choro e da afeto a ele (alimento). Aquele alimento ele acha que é fruto de sua imaginação. Esta é a fase que ele vive um momento narcísico e não sabe que existe um outro (a mãe). Conforme os anos de vida da criança passam, maiores são as expectativas dos pais em cima. A criança vai construindo sua personalidade com dificuldade, pois esta personalidade é moldada pelos pais e não por ela mesma. Passa a adolescência e chega a vida adulta. Na fase adulta começam os problemas não resolvidas na infância. A evolução das fases foram todas moldadas pelos pais sem ter deixado o filho se sentir livre para fazer o que sentia vontade e lhe dava prazer, a sua energia já esta dominada pelos pais, por isso ela acabou vivendo a vida que os pais não viveram. A forma que os pais não puderam viver eles querem que os filhos vivam, mas de uma forma prisioneira e sob o controle deles, por isso muitas mães ficam desequilibradas quando os filham chegam tarde em casa, não obedecem, elas falam palavrões e sentem raiva. Mas todo esse sofrimento não é em relação ao filho e sim em relação a ela mesma por não ter vivido esta fase de liberdade. Esse processo inconsciente pode ser trabalhado em terapia, pois a percepção no meio familiar é confusa e fica difícil o discernimento de mudanças positivas para solucionar os comportamentos. Esta luta inconstante nada mais é do que os filhos tentando ser eles mesmos, porém existe a parte negativista e a falta da visão mais abrangente e perceptiva dos pais, que sem perceberem os puxam para continuar aprisionados e moldados. Nesse momento ocorre a repetição que faz parte deste ciclo. A mesma falta de visão que os pais sofreram, inconscientemente é repetida em cima dos seus futuros filhos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

UM OLHAR ALÉM

Na psicologia entendemos que a deficiência visual está ligada às pessoas que não querem enxergar certas coisas em suas vidas. Existem aqueles deficientes que apesar da vida ter tirado deles a visão, não desistem e mostram que podem ser felizes, não vendo, mas sim sentindo. Esses deficientes vão dar mais valor para a sua essência que é divina e as vontades do seu espírito que é livre.
Muitas vezes o sentir é mais valorizado e importante do que o enxergar. Sempre que damos oportunidades de seguir o que o espírito deseja a recompensa é tão grande e gratificante que a pessoa passa a se sentir cada vez mais forte. A questão da perda da visão se torna pequena pois ela passa a agir conforme o seu interior que é sentindo e não como o mundo impõe de forma invasiva.
O sentir surge do nosso interior e quando bem desenvolvido se expande para o externo. Ele passa pela nossa verdade e pelo nosso foco de seguimento de vida. O externo é imposto como uma moldura pela qual precisamos viver de uma forma que no fundo a pessoa sabe que vai contra seus princípios, mas ela aceita esta imposição para ser também aceita pela sociedade. Para viver no mundo é preciso ser magra para ser bela e sofisticada. É preciso sorrir sempre para o que não queremos para obter "garantias" com o parceiro, nesse caso cria-se a fantasia do medo de ficar sozinha e o apego ao outro que é confundido com o sentimento de amor. É preciso trabalhar no que não traz satisfação profissional para poder ter uma vida financeira melhor e assim segue. Para o mundo o que importa é a aparência e não o bem estar emocional. É por este motivo que as pessoas permitem que a Depressão, o Estresse e a Síndrome do Pânico entrem em suas vidas.
Na deficiência visual é encarado o luto da perda da visão que é um processo difícil, mas pelo outro lado se ganha a maturidade emocional. O motivo da maturidade emocional é que os deficientes passam a conhecer-se a si próprio melhor e a respeitar suas vontades. Aceitam e assumem para si seus limites e por esta postura madura e firme ganham oportunidades de ir além. Não se deve vitimizar perante um limite, agindo desta forma você abre um caminho ruim e distorcido para sua própria mente perturbá-lo.
Os deficientes visuais podem e devem viver uma vida normal e em muitos casos melhor do que os que enxergam ao extremo, que as vezes querem ver até o que não existe, pois já estão perdidos na loucura do mundo. Guiam-se pela correria, o estresse e as paranóias. Ou seja, vivem fechados para o seu "eu" e abertos para viverem do jeito que o mundo quer.
Os deficientes agem da maneira que muitos não tem coragem, em escutar a si mesmo. Algumas pessoas quando lerem esse artigo irão pensar que não podem parar para se escutar, pois o mundo gira e tempo é dinheiro. Infelizmente esse pensamento além de ser limitado é mentiroso. Todos nós podemos ser ricos, mas a riqueza precisa se iniciar de dentro para fora. Muitos se deixam levar pela riqueza externa (o mundo de aparências), por isso todos acabam vivendo insatisfeitos, porque no fundo sentem medo da felicidade. São pessoas que gostam de sofrer e de se vitimizarem para o outro tomar conta, pois é muito mais fácil assim do que definir uma postura adulta sendo dona de si. Uma pessoa que se encontra desta forma negativa até o seu inconsciente lha sabota, pois ele já está dominado pela mente negativa. Entrando nessa loucura, a pessoa permanece sempre estacionada e usando as pessoas como muletas.


por Simone Costa